Cláudia David Ribeiro e Ricardo Ribeiro foram entrevistados pela jornalista Sônia Blota, correspondente em Paris do Grupo Band

Olá amigos e amigas, tudo bem?

Eu, Ricardo Ribeiro, e a Cláudia David Ribeiro fomos convidados para participar do quadro “Brasileiros que orgulham pelo mundo“, do programa #77 Brasil com Z da Rádio Bandeirantes, do Brasil. Batemos um longo papo com a amiga e também jornalista Sônia Blota, que é correspondente em Paris. O programa é apresentado por Christiano Panvechi. A nossa entrevista começa em 38min25s do link aí abaixo no Spotify. É só arrastar a barra.

O tema da conversa foi a nossa participação em duas caravanas humanitárias para o resgate de refugiados da guerra na Ucrânia. Realizamos as viagens, organizadas e pagas por voluntários, para levar de Portugal para a Polônia e Romênia donativos para as vítimas do conflito, como brinquedos, roupas, agasalhos, remédios, equipamentos hospitalares etc. Na volta, trouxemos os refugiados.

Nossa entrevista foi disponibilizada em várias plataformas, como o próprio rádio, os aplicativos da Band Rádios, com alcance mundial, e também em podcasts como o Spotify.

Entrevista de Cláudia e Ricardo Ribeiro começa em 38min25s

No dia que a nossa entrevista saiu na Rádio Bandeirantes, vários seguidores do Portugal Online Oficial ligaram ou mandaram mensagens para comentar a conversa com a Sônia Blota. Os ouvintes estavam espalhados por várias cidades, países e continentes, como Estados Unidos, França, Portugal e Brasil.

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Guerra na Ucrânia

Na entrevista para o quadro “Brasileiros que orgulham pelo mundo” nós contamos como surgiu a ideia da primeira viagem e a emoção de poder ajudar ucranianos que deixaram tudo para trás, inclusive maridos, filhos, primos, tios e pais, já que a Lei Marcial da Ucrânia proíbe que homens entre 18 e 60 anos deixem o país para que lutem na guerra.

As duas viagens do Portugal Online Oficial resgataram cerca de 300 mulheres, crianças e idosos, além de cães e gatos.

Primeira Caravana Humanitária

A primeira Caravana Humanitária surgiu com um grupo de amigos no WhatsApp. Logo que os russos invadiram o país vizinho, uma ucraniana que vive em Portugal ligou para um amigo nosso, o Pedro Fonseca, CEO de uma empresa imobiliária, pedindo ajuda para conseguir casas para refugiados que seriam resgatados para Portugal.

Inicialmente a ideia era conseguir alguns imóveis por preços abaixo do valor de mercado, ou até mesmo de graça, para que as famílias ucranianas pudessem morar. Daí surgiram outras iniciativas, como a Caravana Humanitária, que consistia em levar donativos e trazer pessoas para Portugal.

Tudo começou no WhatsApp

Pedro Fonseca, então, lançou a ideia para os amigos, que foi o nosso caso. E o que seria um grupo com apenas dois ou três veículos rumo a países que fazem fronteira com a Ucrânia, se tornou uma caravana com 26 carros, furgões, ônibus e vans.

Turma reunida, carros carregados e ansiedade à flor da pele (não sabíamos o que encontraríamos pela frente), pegamos a estrada. Atravessamos Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha e finalmente chegamos à Polônia. Uma outra turma seguiu por outra rota com sentido à Romênia.

A primeira caravana foi tensa. Como era a primeira, e não tivemos muito tempo para planejar e seguir outros exemplos (ainda bem que não temos guerras sempre), já que era inédita, resolvemos fazer a viagem numa espécie de missão suicida. Não paramos para dormir em hotéis e nem para comer. Parávamos apenas para abastecer, usar o banheiro, tomar um café e comer algum lanche. E só.

Pé na estrada

Depois de mais de 3.500 quilômetros e muito sono e fome de uma comida quente, chegamos em Varsóvia, capital da Polônia. A primeira missão foi descarregar os donativos em um espaço que normalmente é usado como anexo de um restaurante que foi cedido especialmente para guardar os donativos.

Ali encontramos voluntários poloneses e de outros países que se uniram para separar os produtos doados, criando caixas específicas de remédios, roupas de crianças, roupas de adultos, cadeirinhas e carrinhos para bebês, comidas etc. Tudo devidamente separado, catalogado e embalado.

Feito o descarregamento, fomos para Estação Central de Trens de Varsóvia para encontrar os refugiados. Para nos identificarmos, um dos integrantes da caravana colocou nas costas uma grande bandeira de Portugal. Essa era a senha.

Com o passar das horas, várias pessoas se aproximaram, e traziam apenas pequenas malas, mochilas ou uma sacola de plástico. As crianças estavam no colo das mães. E muitas com cachorrinhos e gato. Teve até um doberman na lista de “passageiros”. O destino era Lisboa.

Nós já tínhamos uma lista com os nomes de todas as pessoas que viajariam conosco. Começamos a chamar uma por uma. As mães se apresentavam com as crianças ao lado e a pequena bagagem. O olhar delas era frio (como a neve que começava a cair do lado de fora da estação) e quase ninguém chorava ou demonstrava qualquer emoção.

Conforme os nomes e passaportes eram checados, essas pessoas eram levadas para o embarque em um ônibus do IRA, grupo de resgate de animais em catástrofes, de Portugal. E assim elas embarcaram, uma a uma. Os animais (9 cães e 1 gato) foram cuidadosamente acomodados em uma van, outro veículo do IRA exclusivo para o transporte de animais.

O ônibus parte para Lisboa!

Ainda restavam outros passageiros que serão acomodados em vans, carros comuns como o Sandero, e pequenos ônibus. Todos seguiram da Polônia e da Romênia e puderam encontrar familiares e amigos em Lisboa.

Segunda Caravana Humanitária

Chegamos da primeira “missão” na madrugada de sábado para domingo. Sensação de dever cumprido, com mulheres, crianças, idosos e animais salvos…

Ricardo Ribeiro segura no colo uma criança refugiada durante parada em um McDonalds na Polônia

Apenas impressão, pelo menos pra mim. Existiam umas tais de CNN, BBC, ABC e a internet não saía das mãos com o celular. Aquelas imagens de destruição, famílias inteiras deixando as casas bombardeadas; cães e gatos abandonados nas ruas. Os homens da casa se despedindo dos seus. Tudo aquilo não saía da minha cabeça e me incomodava.

A primeira caravana humanitária já foi tensa por “n” fatores

O primeiro, porque não sabíamos como seria a nossa viagem. Seria segura? Seríamos atacados? Roubados? Sei lá. Guerra é guerra e tem louco pra tudo. Já visitei e fiz coberturas jornalísticas em 40 países, da Ásia, África, Américas e Europa, mas nunca tinha pensado em participar de algo envolvendo uma guerra, mesmo que não seja em um campo de combate.

Segundo porque avisei a Cláudia praticamente poucas horas antes. Ela não gostou nem um pouco, óbvio. Afinal, “como assim ir buscar refugiados da guerra na Ucrânia?” Como? Com quem? Com que dinheiro? Qual a logística? O que vai acontecer quando eles chegarem a Portugal?

E não só isso. Como somos empreendedores, dependemos do nosso tempo e dedicação para fazer dinheiro. E ficar uma semana fora, focado apenas no resgate de refugiados, poderia ter muita dor de cabeça. Afinal, as contas continuariam chegando normalmente.

E terceiro: meus pais, amigos e família, só ficaram sabendo das viagens pelas redes sociais (que ridículo!).

Enfim, voltando…

Não consegui me desligar e logo um amigo, o Cristiano Almeida, meu diretor no mercado imobiliário em Portugal, disse que faria uma outra caravana humanitária dias depois. E queria que eu e Cláudia fôssemos com ele. Puuutz…

Em resumo: fizemos a segunda viagem, desta vez a Cláudia foi junto. Ao contrário da primeira, dormimos todas as noites em hotéis e tivemos a oportunidade de comer comida quente.

O esforço valeu muito a pena. Trouxemos para Portugal três centenas de pessoas que poderiam não estar vivas agora.

Só esperamos que quando elas voltarem para a Ucrânia (se voltarem) ainda consigam encontrar as casas delas bem como os pais, primos, tios, irmãos…